A Anatel parece Florence Foster, a americana que julgava ser uma grande cantora de ópera e só descobriu sua total desafinação quando fez um show no Carnegie Hall. Assim é a Anatel: ignora a gravidade da situação da Oi e continua paralisada, esperando para ver o que vai acontecer.
E a situação é gravíssima. Os últimos números divulgados pela própria Oi demonstram que o que está ruim pode piorar. Basta comparar os números do segundo trimestre de 2016 com os resultados do primeiro trimestre:
1. Receita líquida – queda de 3,3%.
2. Lucros – redução de 25,8% para 22,8%.
3. Caixa – havia crescido para R$ 16,6 bilhões no 2º trimestre de 2015. Caiu para R$ 5,1 bilhões no segundo trimestre de 2016.
Não bastasse essa calamidade, o novo presidente da Anatel, Juarez Quadros, ex-ministro de FHC, indicado pelo governo golpista Temer com todo apoio do mercado, estava à frente de uma empresa ligada ao setor de telecomunicações até bem pouco tempo. Ou seja, não é daí que virá nenhuma solução contrária aos donos do mercado e, por conseguinte, aos controladores da Oi.
A briga entre os acionistas também continua. A afirmativa da gestora de investimentos Bridge deixa bem claro o “alto nível” desses senhores. Segundo ela, os conselheiros indicados pelo grupo Pharol, maior acionista da Oi, usam a empresa “para atender exclusivamente interesses seus”.
Na petição inicial encaminhada à Justiça para que fosse concedida a recuperação judicial, os representantes da Oi confessam no item 139 do documento: “não é preciso grande expertise para perceber que eventual interrupção…de qualquer um desses serviços tem potencialidade para produzir efeitos catastróficos…para os usuários.”
Está mais do que óbvio que a única alternativa legal e plausível é a intervenção. Só aos controladores da Oi e à Anatel parece não interessar essa opção. Como na história de Florence, retratada em dois filmes, a suposta cantora só percebeu que cantava muito mal quando já era tarde. O canto de Florence é o mesmo canto da Anatel. Quando perceber, se interessar perceber, será tarde demais.
No caso da Oi a irresponsabilidade dos seus controladores e da Anatel trarão a calamidade para os usuários e trabalhadores de telecomunicações em 26 estados da Federação, atingindo 159 milhões de pessoas.
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