Instituto Telecom: Demissões, o “plano desafiador” da Oi

Postado por: admin Categoria: Notícias

plano.de.negociosNo final de janeiro deste ano, em reunião com o ministro Ricardo Berzoini, o presidente da Oi, Bayard Gontijo – o quinto, nos últimos seis anos – afirmou que a empresa havia elaborado um “plano desafiador” para 2015 e entre abril e maio anunciaria os próximos investimentos. Abril chegou e o país conheceu o “plano desafiador” da concessionária – 1071 demissões de uma tacada só.

Desde a privatização do setor, em 1998, duas palavras repetem-se à exaustão quando se fala em telecomunicações – consolidação e demissões. A Oi tem sido campeã nesse último item. Demitiu três mil trabalhadores logo após a privatização. Dez anos, depois, quando assumiu o controle da Brasil Telecom demitiu novamente. E repetiu a dose em 2010, quando estabeleceu a sua frustrada parceria com a Portugal Telecom.

A Oi ainda tentou dar uma conotação diferente a sua operação. Primeiro, vangloriando-se de ser o único grupo verdadeiramente nacional. Depois, se apresentando como o grande parceiro do governo federal, a empresa que poderia dar suporte ao Plano Nacional de Banda Larga. Nada disso se efetivou. Contrariando as expectativas criadas com o seu discurso nacionalista, a Oi ainda se juntou às outras empresas no combate às cláusulas relativas à expansão da banda larga quando da renovação dos contratos de concessão.

A Oi nunca deu qualquer bom exemplo à iniciativa privada. Ela poderia reduzir a assinatura básica, permitindo maior acesso da população aos serviços de telefonia fixa. Poderia se comprometer com a política do telefone popular (Aice), proposto justamente para viabilizar a telefonia fixa para os mais pobres. Não fez nada disso.

E não se trata de uma empresa qualquer. A Oi possui 21,7 % de toda a receita bruta do setor, 36, 5% dos telefones fixos, 18,1% dos celulares, 27,3% do mercado de banda larga e 6,7% do de TV por assinatura. São cerca de 75 milhões de clientes. Apesar desses números expressivos, a empresa preferiu começar o seu “plano desafiador” demitindo 1071 funcionários em todo Brasil, a metade deles no Rio de Janeiro.

No relatório do quarto trimestre de 2014, a Oi se vangloria de ter registrado “um aumento consistente em praticamente todos os aspectos do negócio”. A receita líquida teria aumentando 5,1% em comparação com o terceiro trimestre. O segmento de celulares teve a receita oriunda dos clientes aumentada em cerca de 10%. A receita líquida do segmento residencial cresceu 0,9%. O segmento corporativo/PMEs, idem.

Ainda de acordo com o relatório, “a TV paga da Oi registrou um crescimento de 23% nas adições brutas em relação ao 3T14. De acordo com a Anatel, a Oi foi líder de mercado em adições líquidas em todos os três meses do 4T14. A Oi TV registrou 215 mil adições líquidas, enquanto o mercado de DTH registrou 134 desconexões líquidas no trimestre, portanto, a participação da Oi no mercado de DTH fechou o ano em 10,5% (+3,0 p.p. em relação ao final de 2013). A penetração da Oi TV atingiu 11,4% das residências com produtos Oi no 4T14, equivalente a um aumento de 4,3 p.p. em relação ao 4T13 e 2,1 p.p. em relação ao trimestre anterior”.

Sobram perguntas: que plano desafiador é este que, apesar dos resultados positivos, a empresa demite trabalhadores? Como ficam os que permanecem na empresa? Quando será o próximo corte? Como a empresa continuará a melhorar a qualidade dos serviços, demitindo pessoal?

O fato é que, não apenas a Oi, mas nenhuma das operadoras pensa na questão social ou na qualidade dos serviços. Apenas na melhor forma de garantir dividendos para seus acionistas.

As demissões não podem ser uma preocupação apenas dos trabalhadores e seus sindicatos. Devem ser uma preocupação de toda a sociedade e do governo federal. Qualidade e universalização dos serviços não combinam com demissões em massa como tem sido praxe na Oi e nas demais operadoras.

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